quarta-feira, 20 de maio de 2015

Sonhos de um velejador .

OS   FILMES  QUE  ASSISTIMOS

SJRP  em  31/01/2009, 14h saímos pra Ubatuba p/ um  curso de vela oceânica em alto mar que contatamos via internet, com muita expectativa.

Ubatuba  01/01/2009,  passeamos pelas Marinas para ver nossas paixões: Veleiros de todas as marcas ,tamanhos ,modelos,preços e estado de conservação...

Saco  da  Ribeira, 20h, encontro com o Charter ,onde o mesmo consumiu um volume “deslumbrante” de latas de cerveja quente.

Saco  da  Ribeira, 02/02/2009,08h,  embarcamos no Veleiro X  onde recebemos as primeiras e inesperadas únicas instruções do referido curso e saímos motorados num evento onde o Comandante  exerceu  literalmente seus  poderes.

Rota: Saco da Ribeiro á Ilha Bela, no Saco do Sombrio: 26 milhas.
Notas p/ saída:
a)     Planejamento da Rota : olhar a carta e traçar destino c/ planejamento; pilotar;

b)Saída :  comunicar a Marina nome de embarcação , tripulantes ,rota c/ retorno ( 15 Horas de 03/02/2009).
Base Marítima de Ilha Bela informa condições climáticas p/ próximas 24h:

Horário de Pré Amaré, Baixa Maré,Ventos predominantes,freqüência das ondas,chuvas etc.

Loog Book

Navegando entre várias Ilhas , seguimos a rota com vista ao Continente a cerca de 10 milhas à Boreste.

Paralelos ao movimento do Veleiro, inúmeros Albatrozes se alimentando de cardumes de peixes no caminho para a Ilha Bela.

Nosso almoço : lanche de pão integral com presunto, queijo e tomate, c/ guaraná.

Com vento de 6 nós, o comandante prefere seguir c/ máquinas á diante e apenas a propulsão da Genoa c/ vento noroeste. Vento este de procedência Amazônica c/  umidade moderada; 26°C .
Profundidade média da rota:  média de 75 a 100 pés 75/0,31cm = 25m-deep.

Distantes há  20 milhas da Costa de São Sebastião, ainda no motor, o Comandante insiste em contrariar a Tripulação em fazer o propósito do curso: Usar as velas!

Por voltas das 14:30h, há  aproximadamente 5 milhas para chegar na mirabolante  Ilha Bela, onde a pernoite ancorados prometia novidades;
Não obstante, o motor parou subitamente! Um silêncio rápido das águas e pouco vento, aguardava a ação do Comandante.


Ele desceu à casa de máquinas e verificando o sistema de máquinas  e nada resolveu .Voltou ao cock pit e guinou 180° dizendo: “Vamos voltar”!

 A chegada até a Ilha Bela foi nesta ordem abortada e entendida porque estávamos sem motor e informados de que não havia nenhum rabeta de emergência à bordo. Aliás, não havia nem se quer um bote salva vidas um mero remo!

Oportunidade única que o fez levantar  a vela Mestra. E um vento razoável de través nos afastou a Ilha Bela, conduzindo-nos em direção á Ilha Vitória e Ilhas das Couves em um sudeste  7 nós.

16h - A  tripulação entediada, tentando se distrair com a propulsão,percebe  a dificuldade do Comandante e auxilia na inspeção no motor.

Comandamos o Leme por um  certo tempo e o Comandante mostrava um novo comportamento que começava a desagrada os tripulantes.Se recusando ,com o passar das horas e o sol caindo, a comunicar a Base , Marina ou qualquer conhecido dele a nos prestar ajuda.Propondo resolver o fato sozinho. Justificando, “Tenho experiência,calma!”

Porém nada resolvia e nenhum gesto seguro se fez em várias horas que se passaram.

17h - Várias tentativas foram despendidas pelo comandante e o esforço maior de um dos tripulantes neste motor. Desmontaram os paióis investigando cada item do painel elétrico, motor de partida, baterias e combustível...Nada.

E então,contrariados pelo comandante, nadamos para refrescar  o corpo e a cabeça...

A ironia cresce quando ,  encabulado pela situação de princípio de motim, o comandante abre  um notebook dizendo que encontrará a  solução do pane! Detalhe: sem meios de comunicação pela internet.

Insistimos com educação para que ele tentasse  contato com alguém no continente para nos socorrer. E através de nossos celulares, que pediu emprestado, ligou para um mecânico e com todos os créditos possíveis, nada resolveu...
                    
18h - No princípio da impaciência, fizemos  um segundo lanche com uma certa massa extra que veio à calhar! E ficamos no convés , com um vento suave de 4 a 5 nós.

18:30h -  O sol se pondo numa tarde silenciosa , com os efeitos do infinito entre o mar azul o céu laranja e amarelo. O novo destino, a saída, o Saco da Ribeira.  

19h – Velas batendo.Vento rodando. Ou melhor, acabou  o vento!

O motor modelo “Control”, deixara  a tripulação definitivamente na mão, o vento se foi mar à dentro. E sem qualquer  outro instrumento de propulsão , avistava-se relâmpagos distantes  na proa.

Pedimos  determinação ao Comandante  para solicitar ajuda pelo rádio, onde houve  resistência em tom agressivo e progressivo,  prometendo chegada de novos ventos pela embocada da noite, complementando  que dormiríamos por aí de algum modo e seguiríamos nosso tal curso na manhã seguinte...

A tripulação discorda do procedimento mas é reprimida com a frase: “Eu sou o Comandante e dou as ordens aqui! Fiquem quietos e fazer o que já decidi!”
Procede-se uma saliente discussão à  bordo e a extrema resistência  do Comandante que nega tomar outra atitude.

 Tímidos, reflexivos, temerosos e contrariados,iniciamos “sinalização corporal ” com as embarcações que passava distantes.Pois não havia também à bordo nenhum dispositivo pirotécnico ou qualquer outro instrumento que servisse de sinalização...

Houve duas embarcações que passaram num raio de 4 a 5 milhas do nosso veleiro. Uma lancha grande à bombordo e um veleiro à  boreste. Passamos rádio para eles e ninguém respondeu. O que deixou o Comandante afirmativo de que ninguém ajuda ninguém por aí...

20h – Avistamos na penumbra, um pequeno bote há cerca de 2,5 milhas do nosso veleiro e já desesperados,pulamos e gesticulamos em frente às velas brancas  para nos destacarmos junto aos nossos talvez, primeiros gritos de socorro de nossas vidas.

Simplesmente avistamos a proa do inflável apontando em nossa direção com muita alegria!

A bordo do 10 pés, um simpático mergulhador sorridente com sua roupa de neoprene toda preta acompanhado de um companheiro pescador.Ambos vinham da Ilha das couves de uma expedição de lazer.

Decididos  a nos socorrer, iniciaram o reboque do nosso veleiro segurando um cabo pela mão,pois o bote era incompatível com o tamanho e principalmente o peso do veleiro.

Distantes do destino , Saco da Ribeira, há cerca de 25 milhas, o mergulhador nos rebocou , lentamente e com o combustível no limite, são agredidos por nosso ex -
 comandante que insiste em dar ordens ao novo Comandante agora, o simpático mergulhador, em relação à posição, velocidade, cabo etc..
.E agressivo,  grita várias vezes para que nos solte e deixem-nos aguardar novos ventos. Parecendo que adorava velejar.
 Como manifestou isto ao longo do dia!

Não comoveu ninguém que, com a luz paciente  e a exemplar responsabilidade do  mergulhador , fomos  arrastados até a entrada do Saco da Ribeira.

23h – Aumar Aumar ?? A Marina não podia ser avistada e se recusou a rebocar  nosso veleiro, que ainda estava há 3 milhas da poita.

Um vento bom de popa nos conduz em direção da Marina.
Aumar Aumar??? A Marina responde e através de um esforço galvânico iluminamos com luz fraca de um precário sealed bean extra  manual
 , a vela mestra para que no Taxi Boat nos localiza-se nos rebocasse finalmente  até a esperada  poita.

Nesta última milha ,  a segurança retoma a tripulação que avistando o continente próximo, as luzes da encosta,  é consolada pelo som das driças tocando os mastros dos companheiros veleiros em suas poitas seguras.

00h de 03/02/2009 - Naquela noite ficou em nossos pés , a deliciosa e real sensação dos filmes ,  de “pisar em terra firme”.





Lembre-se :
-Para estar a bordo de qualquer embarcação, confira o atendimento das normas da Capitania dos Portos.
-Os barcos são mágicos. Aproveite o encanto de cada um deles.
-Siga sempre sua intuição de sobrevivência.




Ubatuba , fevereiro  de  2009
Tripulantes : Sérgio ,Lucas, Joseani e Flávia
Comandante : X
Veleiro : X 36 ft


                                            
 


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